No intervalo da semana, leituras em grupos

Em uma conversa prévia na sala, perguntamos aos estudantes o quanto eles achavam que os alunos das outras turmas gostavam de ler. As respostas variaram de “acho que só leem se for receita de bolo” até “não leem nem rótulo de cereal”. Então, questionamos o que poderíamos fazer para incentivar a leitura ou, pelo menos, a escuta de histórias, já que algumas crianças ainda não sabem ler. Foi aí que surgiu a grande ideia: montar um “canto da leitura” no recreio, com uma mesa cheia de livros trocados semanalmente. E pronto, nosso projeto estava tomando forma!

A leitura, além de ser divertida (pelo menos é o que a gente tenta convencer as crianças), traz benefícios enormes! Por exemplo, aumenta a criatividade – afinal, viajar para outros mundos sem sair do lugar é sempre incrível (Kaufman, 2011). Além disso, ler ajuda a desenvolver empatia. Segundo Kidd e Castano (2013), ler histórias literárias faz a gente entender melhor as emoções dos outros, tipo como o Greg do “Diário de um Banana” entende o drama de ter um irmão mais velho!

Começamos a planejar como essas intervenções rolariam no recreio: quem seriam os leitores, os ouvintes, e, claro, como chamar a atenção dos colegas que estavam mais interessados em correr, jogar bola ou tentar conseguir uma segunda rodada de lanche. Afinal, atrair essa galera seria um verdadeiro desafio.

Uma das ideias foi criar um espaço tão atrativo que, quando as outras crianças olhassem, pensassem: “Nossa, o que é que está rolando ali? Quero participar!” Outra ideia foi começar a leitura antes do recreio, assim, quem passasse já veria um livro sendo lido e algumas crianças concentradas (ou fingindo, pelo menos). Isso certamente chamaria a atenção de outros curiosos.

Os alunos se dividiram em grupos, escolheram lugares estratégicos – tipo guerreiros montando acampamento – e montaram os “cantos da leitura”. Cada um escolheu os livros que mais gostou e levou alguns extras, caso os colegas quisessem explorar outras histórias. Afinal, é sempre bom ter opções, certo?

Depois que todos voltaram para suas salas, foi hora de recolher os materiais. Durante a organização, dava para ver a empolgação no ar! A sensação de missão cumprida era real. Eles não só realizaram a atividade, como também já começaram a planejar como convencer a direção a torná-la algo semanal ou mensal. Quem sabe? Talvez até inventem um clube secreto de leitura! Eles estavam animados com a ideia de levar mais livros para fora e até criar momentos dentro da sala para ler em voz alta, como uma espécie de karaoke literário.

Voltamos para a sala e começamos a avaliar: “Será que rolou do jeito que esperávamos?” O que poderíamos ter feito diferente? Além disso, os alunos compartilharam suas impressões sobre a atividade, incluindo várias sugestões hilárias para os próximos eventos.

Após a leitura, o grupo discutiu sobre o que tinham lido e se esse tipo de situação acontece na nossa escola. A conclusão foi que ainda existem brincadeiras que deixam alguns colegas desconfortáveis – tipo quando alguém leva bolacha e não oferece – e começaram a pensar no que poderiam fazer para melhorar o ambiente. Afinal, mesmo que algumas brincadeiras sejam engraçadas, ninguém gosta de ser o alvo!

Kaufman, J. C. (2011). Creativity 101. Springer Publishing Company.
Kidd, D. C., & Castano, E. (2013). “Reading literary fiction improves theory of mind.” Science, 342(6156), 377-380.

Em uma conversa prévia na sala, perguntamos aos estudantes o quanto eles achavam que os alunos das outras turmas gostavam de ler.